Porque não pode a vida seguir livre?
Sempre leva com ela o fardo da experiência.
Incansável substância, matriz da consciência,
ela é facto que ensina, e se ri dos livros.
Sinuosa estrada em que a chegada é partida
Sabor salino do sentimento que nos coroa ser
Conteúdo e continente que não se cansa de ter
Sopro invisível que contém a lei criativa
A vida não se mantêm cativa.
Escapa pelos dedos como água;
deixando uma sensação vaga
entre a noção e a ideia relativa
Pelo efémero sabor que deixa na alma,
intoxica avidamente o espírito da ânsia
de nos livrar do destino e da ignorância
embriagando-nos o seio de amor que acalma
Ela é a saudade presente na recordação
da mendiga mão que se estende pró fruto
do sonho cansado de ter que vestir o luto
num sombrio mundo desbotado de acção
A vida soa no corpo do espírito adormecido
e desperta-lhe a verdade que suga a letargia;
abre-lhe o trilho do destino na selva armadilha
até a clareira de luz, onde será reconhecido
Se viver é aprender…
morrerei sem saber.