Abro as portas da minha alma e entras sem eu te ver
Fecho o coração e te prendo sem saber
Vives dentro de mi quanto te procuro lá fora.
Sempre que te alcanço desvaneces e apareces
no intemporal espaço anterior à minha busca.
Quanto mais me esforço para escutar menos te oiço.
Nas minhas sombrias noites medito sobre o fino espelhos do lago
na esperanças de encontrar uma pérola de lua reluzir no teu olhar.
Quando por ventura abres os olhos para me ver, sou o teu feitiço
e cego de tanta luz me perco no insaciável fogo da paixão.
Pressentindo a tua presencia por toda a parte
não sei por onde orientar o meu passo.
Vivo num contínuo sentimento de falhar o encontro.
Como posso eu marcar hora se não existe espaço entre nós?
Do mudo mundo da arte, vem-me as tuas ondas trazer estas linhas
e depositas na minha sufocante alma um agreste sentido de eu.
Tudo fazes sem te mexer, quando alimentas o orgulho do ser
que se esquece prontamente que sem ti não pode viver.