domingo, 29 de maio de 2011

A vida

Porque não pode a vida seguir livre?

Sempre leva com ela o fardo da experiência.

Incansável substância, matriz da consciência,

ela é facto que ensina, e se ri dos livros.

Sinuosa estrada em que a chegada é partida

Sabor salino do sentimento que nos coroa ser

Conteúdo e continente que não se cansa de ter

Sopro invisível que contém a lei criativa

A vida não se mantêm cativa.

Escapa pelos dedos como água;

deixando uma sensação vaga

entre a noção e a ideia relativa

Pelo efémero sabor que deixa na alma,

intoxica avidamente o espírito da ânsia

de nos livrar do destino e da ignorância

embriagando-nos o seio de amor que acalma

Ela é a saudade presente na recordação

da mendiga mão que se estende pró fruto

do sonho cansado de ter que vestir o luto

num sombrio mundo desbotado de acção

A vida soa no corpo do espírito adormecido

e desperta-lhe a verdade que suga a letargia;

abre-lhe o trilho do destino na selva armadilha

até a clareira de luz, onde será reconhecido

Se viver é aprender…

morrerei sem saber.

domingo, 1 de maio de 2011

O poeta

Quem se dispõe a escrever um poema,

Tem de certo a alma da criança irrequieta.

Saltita já sobre as pedras do rio da boémia,

— Imaterial sentimento sobre a letra concreta.

Sem molhar os pés vê o fundo da verdade

E o fluxo transparente lhe trás inspiração

Para aquilo que alguns chamam criatividade

Mas que eu prefiro nomear: meditação.

No mundo que vejo no meu peito

Navegam em águas fora do tempo

O artista, poetas, amante e profeta

Sem porto, sem destino nem descanso.

As águas do rio se dissolvem no mar,

Mas o leito guarda o rio no seu seio.

Nunca more o poeta que sabe amar

Foi para eternizar-se em ti, que veio.

Vive para sempre nas margens do teu peito.

13 Abril 2010

O amor, que nos faz divagar, torna a vida uma eterna viagem.

Ele, não tendo fim, nos abre os seus infinitos braços

e nos eleva para os céus de terras nunca exploradas.

Porque então deixar retrair o Coração

se todo ele fala de libertação!

As asas do peito não aguentam o peso dos anos,

mas a lembrança de quem amou dá força e coragem

para se lançar no espaço mesmo que tenha de cair.

O maior desafio é amar o que não se gosta.

Nunca se ama por obrigação

porque não nos podemos obrigar a amar,

nem programar o que pretendemos amar.

O amor autêntico nasce como a água da fonte do monte,

todo ele é abundância e dom.

Ausência

Como é possível abraçar o mundo e sentir-se ausente? Que fraqueza faz da vontade um pedaço de nada roubado ao momento? Quanto mais s...