sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Lisboa em Agosto


Sou os olhos da rua 
e a minha mente assemelha-se a um buraco negro 
no espaço do pensamento. 
A insaciável atracção 
transforma a percepção sensorial 
em revolução mental. 
Olho para os olhos dos transeuntes 
e vejo nos indivíduos uma parcela 
da infinita variação...das representações do mundo, 
dentro da consciência da humanidade...
Cada um, pelo mundo ...
que se formou por dentro, 
tem uma versão do mundo 
que percebe de fora. 
A onda da vida que se move no tempo, 
Traz e leva ao mesmo tempo. 
Vejo no alto, a queda do abismo, 
e da cova sem fundo, 
nascer o moribundo. 
Qualquer rua, qualquer caminho, 
qualquer que seja a direcção ou a intenção, 
quando a força que move o coração ....não tem sentido...
não há chegada nem partida. 
Gente perdida ..
que encontra uma beata no chão.
Na luz do dia, ou do candeeiro à noite, 
se juntam as mãos dos amantes 
sem eles saberem 
que a força que as une ...serve a lei que os irá separar. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Sou...

Sou ...
a eternidade do potencial da morte 
na vida do momento presente...
A saudade que vivo agora, vem da vida passada. 
Imenso é o meu abraço 
quando tenho no regaço o sentimento de tudo ser.
Sondo o meu coração para encontrar inspiração 
e, em termos de resposta, projecta a alma para o mundo...
e da paz que tenho por dentro 
me confronto com o conflito de fora. 
Por isso que no acto de amor 
encontro a dor 
que me dá a força 
para receber a compaixão...
Poderá parecer que a minha vida é um ideal 
de realização!
mas cada passo que faço 
faz estremecer a minha carne de carpinteiro 
ao carregar a pesada cruz, que ela própria montou.
Em tudo:
Sou a mentira que se espelha na matéria. 
Transcrevo com a ferramenta da ilusão, 
o que atravessa o meu coração 
e, na contemplação dessa onda transbordante, 
lanço a rede da minha atenção 
para cativar o indefinido ...numa palavra cristalizada...
Sempre que me inclino sobre a minha condição humana 
vejo um oceano sem horizonte 
e sem nave. 
Sou ...
Como um sopro,
Livre.. 
Que tudo abraça
Mas em nada se agarra.

































domingo, 1 de julho de 2018

Faísca de vida


Do imaterial espírito, 
manifestado em todas as fibras do meu corpo,
Move-se a mão que conduz o lápis, 
num bailado 
sobre a tela branca 
da minha alma
Onde ficam impressos os sinais da história 
Da alma do mundo.
Se a memória 
É a historia 
de quem tem a glória de viver,
Que será dessa dança...
No ímpeto da alma mansa?
Será...
O desejo ardente,
Parecido à febre do firmamento
Na nossa alma doente?

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Agroal

O murmúrio das águas traz consigo ondas onde brinca a luz. No bailado dos reflexos sonoros o meu espírito abandonado em unissonância mergulha as suas raízes na natureza dessa infinita harmonia. A beleza de fora chama pela minha natureza de dentro e da união fala o firmamento. 

sexta-feira, 2 de março de 2018

Representação


A filosofia nos fala de representação. Mas como pode haver representação num mundo em constante mutação. Poderíamos eventualmente fazer a representação de uma obra de arte “estática”. Mas mesmo assim, a frequência das ondas de luz e os impulsos vitais do nosso corpo obrigam a uma constante renovação dos factores que dão suporte à pressuposta representação.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

criar ?

Para quê criar se tudo o que nasce só tem como sorte a morte pró levar. Mas a força de uma outra vontade arranca como uma planta o pranto do meu ventre expondo a infeliz raiz ao sol do firmamento, sem flor, sem fruto nem semente. 

Ausência

Como é possível abraçar o mundo e sentir-se ausente? Que fraqueza faz da vontade um pedaço de nada roubado ao momento? Quanto mais s...