Porque terei eu sempre de falar do sentir?
Pasmando no ego sempre pronto a iludir.
Norte, Sul, Este, Oeste; quatro paredes infinitas onde se insere a ilusão.
A mensagem que chega à foz do meu coração é bem limitada.
É o bater da dualidade.
Quando bate prazer, escoa a dor;
quando bate esperança, o sangue é eterna desilusão;
quando bate a liberdade, prendem-se-me as pernas;
quando bate a vida é para me dizer adeus;
quando bate o bater já ouço o silêncio;
quando bate o silêncio, o silêncio perturba-me.
Quando deixa de bater, vivo no não-ser.
Já não tenho o dever de ter.
Que sentido tem o desprender?
Quando deixar de existir, tudo e nada serei.
Viverei do coração do universo e:
serei a desilusão e a esperança do teu coração,
a corda que te prende e o silêncio que te rói,
a vida do ser e os segredos do não-ser.
Serei vida em ti, quando pensas “eu sou”.
Serei o pó da terra e a sua libertação,
Serei o instinto destino do insecto,
a razão da negação quando negar é solução.
Assim por tudo ser e nada viver,
voltarei a nascer.