quarta-feira, 3 de abril de 2019

Pequena reflexão

Usando termos globais e conceitos relativos, é fácil enganar a filosofia. Quando se fala de humanidade, de universalidade ou de sociedade, não significa que os conceitos se apliquem ao indivíduo. Cada um, conforme o seu nascimento, condições ambientais, sexo e situação social, é em si um universo. Por consequência, toda a filosofia deveria ser reformulada para poder tomar em consideração as condições existenciais de cada ser. Contudo, acredito na existência de um “fio” comum que entrelaça o tecido humano e encaminha as forças vitais para uma mesma direcção. Acredito num substrato psicológico que contém a soma das experiências humanas, e numa consciência individual não separada da consciência colectiva. A verdadeira filosofia tem a sua aplicação no dia-a-dia. É bonito falar de espiritualidade, mas que lugar irá ela ocupar na vida da pessoa cuja fome a enfraquece e cuja ânsia de não ter pão a empobrece? Que lugar ocupa a espiritualidade na pessoa que tem de viver pela ditadura do caos familiar? Que resta ao indivíduo oprimido lançado para dentro de uma sociedade desumana? A única liberdade no seio da individualidade está na aceitação de “ser”, quando a atenção, orientada para o receptor das informações relativas às condições passageiras, faz do individuo o instrumento de experiência. Adquirir conhecimento e mudar o comportamento não é sinónimo de liberdade. Uma acção baseada sobre um modelo nega o potencial criador quando se limita à simples repetição. O espírito livre tem as suas certezas enraizadas na única realidade indivisível: o núcleo coerente onde se fundem a existência, a consciência e a experiência.

Ausência

Como é possível abraçar o mundo e sentir-se ausente? Que fraqueza faz da vontade um pedaço de nada roubado ao momento? Quanto mais s...