Usando termos globais e conceitos relativos, é fácil enganar a
filosofia. Quando se fala de humanidade, de universalidade ou de sociedade, não
significa que os conceitos se apliquem ao indivíduo. Cada um,
conforme o seu nascimento, condições ambientais, sexo e situação social, é em
si um universo. Por consequência, toda a filosofia deveria ser reformulada para
poder tomar em consideração as condições existenciais de cada ser. Contudo,
acredito na existência de um “fio” comum que entrelaça o tecido humano e encaminha
as forças vitais para uma mesma direcção. Acredito num substrato psicológico
que contém a soma das experiências humanas, e numa consciência
individual não separada da consciência colectiva. A verdadeira filosofia tem a
sua aplicação no dia-a-dia. É bonito falar de espiritualidade, mas que lugar
irá ela ocupar na vida da pessoa cuja fome a enfraquece e cuja ânsia
de não ter pão a empobrece? Que lugar ocupa a
espiritualidade na pessoa que tem de viver pela ditadura do caos familiar? Que
resta ao indivíduo oprimido lançado para dentro de uma sociedade desumana? A
única liberdade no seio da individualidade está na aceitação de “ser”, quando a
atenção, orientada para o receptor das informações relativas às condições
passageiras, faz do individuo o instrumento de experiência. Adquirir
conhecimento e mudar o comportamento não é sinónimo de liberdade. Uma acção
baseada sobre um modelo nega o potencial criador quando se limita à simples
repetição. O espírito livre tem as suas certezas enraizadas na única realidade
indivisível: o núcleo coerente onde se fundem a existência, a consciência e a
experiência.
Espaço aberto para a partilha do potencial criador do Ser humano, sem tabus em relação aos seus limites e defeitos.
quarta-feira, 3 de abril de 2019
Ausência
Como é possível abraçar o mundo e sentir-se ausente? Que fraqueza faz da vontade um pedaço de nada roubado ao momento? Quanto mais s...
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O rio, as ruas, as casas e o luar, enfeitam a alma e fazem-nos sonhar. A gente, fantasmas vivos de Lisboa, pisam as sombras dos passos...
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Tirando as palavras de um espaço sem tela Arrumam-se as ideias relativas no branco papel: Tirar para pôr Pôr para ler ...