Quem surpreende o surpreendido?
Será o mar da ilusão,
que numa onda diz – “conheço”?
Voz da vida,
breve grito,
que faz eco na nave
ancorada ao porto.
Abrem-se os livros do mundo
deixando, por entre as linhas,
escapar a torrente de tormentos
que os tingiram de saber.
Mas que fica
da digestão de uma
mera representação?
A visão penetrante
não conhece reflexão.
Entra no âmago do facto,
num cristalino sentimento
Inerente ao conhecimento.
Sem o reflexo da formulação,
o saber não tem princípio nem fim.
O “eu”, sem história nem projecto,
é músico, instrumento e sinfonia;
é pintor, é a tela e a sua cor;
é conhecedor, conhecido e conhecimento.