Sentado num banco de um
centro comercial, vejo o mundo em movimento rodar à volta da minha paz. Que
força move a gente? “É vontade” – diz o filósofo. Mas eu vejo o desejo a
manipular os fios da razão. O pensamento único surge de um desejo sem fundo –
mar da consciência. Antes de ser pensada a vontade é emoção infiltrada no corpo
por nervos e filamentos. Instinto colectivo modelado por quem manda no mundo. O
homem, quanto mais quer, mais dá a quem quer. Tira-se do irmão que paga com o
suor e tira-se da terra que a todos dá amor. Quanta miséria no ser cego pelo
luxo.
Ruídos, vozes, música e
luz, tudo ferve dentro do caldeirão da mesma confusão. A arte de saber mostrar
não choca com o fato de ter que enganar. Tudo gira à volta da aparência e da
substância, para quem a analisa, nela só vê ignorância. Como na caverna de Ali
Baba, o brilho do ouro roubado suja a alma lavada. Quem Paga?