Quando se quebrou a semente que deu início à criação?
Para que lado foste tu, átomo, se o espaço ainda não tinha
direcção?
Feriste a eternidade, e de uma gota de sangue criaste o tempo
Golpe no meu seio porque agora sofro saudades tuas e não
aguento
Nascemos da mesma mãe e queria estar ao teu lado vagabundo
irmão
Levas tu a boa nova, porém pró pão sou eu que estendendo a
mão
Por vezes, olho para o céu e procuro-te em vão
Foges do espaço, pois sabes que ele é prisão
Mas eu aqui fico com as mãos serradas nas grades
A única saída, é rasgar o peito e enche-lo de verdades
Mas elas são com flores colhidas que murcham
E na sombra do meu ser sei que não adianta ser bruxo
Não leves a mal se aqui te rogo um pouco de ternura
Procuro-te no véu das trevas onde rasgas uma abertura
Infinito que me dá graça dum sentimento que não consigo
medir
Início da aventura da alma do mundo que aprende a se despir
E, enquanto me vejo envergonhado por vestir o trajo da luz,
Descubro que o “eu” presente na matéria em opacidade me
reduz