Se tudo explica a matemática,
Que me diga o que é o zero.
Fechar o círculo é um erro,
No termo duma visão poética.
Ser tudo, é desagregar-me no nada,
Agarrara-me ao eu é distanciar-me do outro,
Desamarrar-me de mim é afastar-me do porto.
Ser tudo, não é maior do que ser nada.
Escrever isto é prova que existo
Em existência que dá sem saber como.
Vivo num tempo em que me suponho,
Mas daqui pouco serei alma do xisto.
Da irrequieta língua, chamei o mar.
Mas que nome se daria a ele próprio?
Vis palavras que me prendem no rodopio
De me sentir farto de tanto ignorar.
Ser o que somes, toda gente é;
Uns são avarentos, outros bondosos,
Que seja seixo ou estátua de bronze,
Inconsciente é aquele que não vê.
Vivo para transgredir livremente as leis da razão,
Quebro constantemente o fio puxado pela agulha,
E do fogo da revolta mando no tear uma fagulha.
Não quero malhas apertadas nas grades da minha prisão