domingo, 31 de maio de 2020

Aqui e agora

Viver aqui e agora
é aceitar o lugar e a hora.
Esse é o facto,
Mesmo quando na situação do momento
há tormento.
Por isso que é livre,
o espírito do vento
e do ar – nosso alimento.
O sopro da brisa que acaricia a tua cara,
segue o seu curso e em nada se agarra.
Enquanto ele se dá, para nos alimentar,
infunde na nossa alma o desejo de amar.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Neste ponto de consciência


Neste ponto de consciência que chamo presente se une o infinito passado e o infinito futuro. 
Mas como posso eu definir o presente?
se é o resultado dos infinitos pólos do tempo.
No jogo da vida, ter a liberdade de escolher,
em nada significa que somos livres. 
Puxamos por uma carta no baralho confuso do acaso, 
sabendo à partida que “ter é perder”.
Mudamos de baralho, mas não mudamos de confusão, 
mudamos a táctica, 
mas puxamos com a mesma mão. 
Ainda bem que existe a ilusão, 
porque sem ela, tudo desapareceria.
Se soubesse quem sou, deixaria de existir, 
se soubesse o que quero deixaria de querer, 
se soubesse o que vejo deixaria de ver, 
se soubesse o que sei nada mais conheceria. 
A acção dita livre é na realidade uma reacção. 
O princípio da necessidade ....
até quem a tem...não o sabe!
Pela necessidade se constrói uma sociedade.
 O homem que vive com o homem: aprende os vícios dos homens. 
Afastou-se do animal, fechando-o num curral, 
ou numa cerca com estacas e arames farpados; 
assim fez para não ver ...
os seus olhos, 
que têm a propriedade de devolver 
a dor 
ao seu algoz...
Poderá, desse modo, o homem virar as costas ao seu dever 
e, com orgulho, ver-se erguido ao espelho do seu castelo.
Vivendo sem a companhia do animal?...
fica o homem empobrecido de sabedoria. 
Quantas meditações veio o homem a perder 
por ter deixado de ver a natureza 
pelo coração, 
fazendo do esplendor da sua beleza, 
uma fonte de exploração 
pela força bruta da razão.

sábado, 28 de março de 2020

Viagem de autocarro

Neste momento, neste lugar,
da janela
por onde fico a olhar
sinto:
a dor do prazer que terei de deixar,
a breve eternidade a questionar-me,
o sentido do sentido a provocar-me,
a leveza do coração e as ondas pesadas do mar,
a paz onde assenta o sentimento,
gotas de tempo no fio do meu alento,
concreto pensamento no substrato do vento,
o inútil acto no mundo da fome, um pedaço
de poesia
nas mãos vazias de quem procura pão.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Na Hungria

Quando o olhar aberto
   Pousa sobre o mundo fechado
   Do homem ....daqui de perto
   Vê-o sobreviver ...debaixo dum telhado
   Telhado de barro, por cima;
   Calor da lareira, por dentro;
   Pedra de mármore por cima;
   Frio memorial por dentro....
   Esta terra...única que fica
   Alimenta-se dos seres 
   Que por ela habitam...

Ausência

Como é possível abraçar o mundo e sentir-se ausente? Que fraqueza faz da vontade um pedaço de nada roubado ao momento? Quanto mais s...