sábado, 27 de abril de 2019

Consciência


Todo o movimento no espaço e no tempo serve a consciência absoluta. Impessoal, ela abraça tudo sem nada conter – nem pode ser contida. Não há sujeito por onde emane, nem objecto que a reflicta. Ela “É”, e por tudo ser, não  quem a possa ter. A consciência absoluta em nada se assemelha à consciência individual, pelo facto de que tudo no indivíduo assenta no ter. A negação de tudo o que se pode ter é chamada morte. Essa “não existência” é o “Ser” absoluto. A única forma de saber é deixar de conhecer. O homem é muito diferente da formiga, no entantodevido ao seu comportamento, percorre o mesmo campo. Se aquilo que nos move física e psiquicamente provém da causa primordial e da sua substância, actuar é revelar, porque não há nada que possa vir a ser que não esteja já contido no “Ser”. As infinitas probabilidades de desenvolvimento de uma planta, a direcção que toma o animal, a decisão fatal que muda o destino do homem, as influências de uma galáxia sobre outra representam a potência do absoluto. A história da civilização humana é uma brecha na matriz substancial do tudo. 

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Pequena reflexão

Usando termos globais e conceitos relativos, é fácil enganar a filosofia. Quando se fala de humanidade, de universalidade ou de sociedade, não significa que os conceitos se apliquem ao indivíduo. Cada um, conforme o seu nascimento, condições ambientais, sexo e situação social, é em si um universo. Por consequência, toda a filosofia deveria ser reformulada para poder tomar em consideração as condições existenciais de cada ser. Contudo, acredito na existência de um “fio” comum que entrelaça o tecido humano e encaminha as forças vitais para uma mesma direcção. Acredito num substrato psicológico que contém a soma das experiências humanas, e numa consciência individual não separada da consciência colectiva. A verdadeira filosofia tem a sua aplicação no dia-a-dia. É bonito falar de espiritualidade, mas que lugar irá ela ocupar na vida da pessoa cuja fome a enfraquece e cuja ânsia de não ter pão a empobrece? Que lugar ocupa a espiritualidade na pessoa que tem de viver pela ditadura do caos familiar? Que resta ao indivíduo oprimido lançado para dentro de uma sociedade desumana? A única liberdade no seio da individualidade está na aceitação de “ser”, quando a atenção, orientada para o receptor das informações relativas às condições passageiras, faz do individuo o instrumento de experiência. Adquirir conhecimento e mudar o comportamento não é sinónimo de liberdade. Uma acção baseada sobre um modelo nega o potencial criador quando se limita à simples repetição. O espírito livre tem as suas certezas enraizadas na única realidade indivisível: o núcleo coerente onde se fundem a existência, a consciência e a experiência.

Ausência

Como é possível abraçar o mundo e sentir-se ausente? Que fraqueza faz da vontade um pedaço de nada roubado ao momento? Quanto mais s...